Conexão Jazz

A busca de novidades para o programa Caminhos do Jazz, apresentado pela Rádio Universidade FM - 106,7mHz, emissora Furg, foi a partida para a criação do projeto Conexão Jazz em 2004. A partir de contatos com gravadoras e produtoras, o apresentador do programa, J. C. Celmer, descobriu a viabilidade de trazer até Rio Grande (RS) experiências musicais de alto nível, a preços populares e com a participação de músicos que se apresentam em salas do mundo inteiro.

My Photo
Name:
Location: Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brazil

Tuesday, June 26, 2007

Cidinho Teixeira em noite especial

O pianista Cidinho Teixeira esquentou a fria noite de 27 maio de 2007, com sua apresentação no Teatro Municipal. Foram mais de duas horas de um show que se dividiu em duas partes: com Gilberto Oliveira (baixo) e Eduardo Escalier (bateria), ele mostrou composições próprias e visitou os mestres da MPB - Johnny Alf, Tom Jobim, Dori Caymmi, Milton Nascimento e Sivuca - levando o público ao delírio com "Brasileirinho" (Waldir Azevedo e Pereira Costa).

Apesar do rápido contato com Gilberto e Escalier e da complexidade dos temas executados (só fizeram um ensaio na manhã de domingo), a música rolou com desenvoltura, abrindo espaço para solos e improvisações do trio. A música instrumental transitou por vários ritmos, do samba ao choro, do baião ao afoxé, passando pelo jazz-fusion e pelas poliritmias. Ao final da primeira parte, a cantora Regina juntou-se ao grupo para interpretar "Flor de Liz", de Djavan. Na segunda parte, Cidinho chamou ao palco alguns amigos com quem tocou no conjunto Arpege, na década de 50 - João Ivo Souza (saxofone), Huguinho (bateria) e José Mello (acordeão e piano).
Emocionado pelo retorno a Rio Grande depois de 28 anos, Cidinho contou um pouco de sua história e, referindo-se a dupla que o acompanhou, destacou a tradição rio-grandina de ter grandes instrumentistas. Milcíades Teixeira, 65 anos, está radicado em Nova Iorque há 22 anos, onde mantém carreira artística juntamente com o baterista (também rio-grandino) Portinho (Telmo Porto) - ambos já renomados no jazz da noite nova-iorquina. O músico se encontrava no Rio de Janeiro e sua vinda a Rio Grande resultou de um esforço de amigos, do pessoal do blog Papareia e do tecladista José Mello (empresário rio-grandino que reside em Joinville - SC). Com o apoio do apresentador Caminhos do Jazz, da Rádio Universidade FM, José Celmer, o evento acabou sendo uma edição extra do Projeto Conexão Jazz.


Cidinho começou sua carreira no final da década de 1950, como acordeonista na boate Chez Nous, no Cassino, e no conjunto Arpege, de Rio Grande, juntamente com José Mello, João Ivo Souza, Huguinho, Ary Piassarollo, Canabá Ballester, Wilson Carvalho, Mujica, Ivan Porto, Romeu Xavier e outros músicos.
Compositor e arranjador, acompanhou Gilberto Gil, Gal Costa, Tim Maia, Tom Jobim, Elis Regina, Hermeto Pascoal, Djavan e tantos mais. O músico também lembrou lembrou de sua presença em Rio Grande no final da década de 70, quando fazia parte da banda de Gilberto Gil, na turnê do disco Refavela.
Recentemente ajudou suas filhas a formar o quinteto Gimacalis, palavra criada a partir das iniciais do nome das jovens cantoras - Gisela, Mary, Carolina, Lira e Stephanie. "É uma carreira longa, são 50 anos de música, pois comecei com 11 anos de idade, Fui para Porto Alegre com 19 anos, sempre tocando. Aí fui para a Argentina, depois fui para o Rio de Janeiro, onde fiquei e fui viajando pelo mundo. Morei em São Paulo por um ano, depois fixei residência no Rio, de 71 até 85, quando saí de lá e fui para os Estados Unidos", contou Cidinho. Em Nova Iorque, ele costuma se apresentar no Blue Note templo do jazz, onde acompanhou muitos artistas do gênero, e no Zinc Bar, tocando brasilian jazz, além de excursionar com freqüência.
Fotos: Thiago Piccoli

Saskia Laroo e a swingin’ body music

A trompetista holandesa Saskia Laroo encantou o público rio-grandino no Teatro Municipal na noite de 28 de abril. Acompanhada pelo pianista e tecladista norte-americano Warren Byrd e pelos músicos locais Gilberto Oliveira (baixo) e Eduardo Escalier (bateria), ela mostrou o jazz mesclado com batidas eletrônicas, hip hop, reggae, além de influências hispânicas, caribenhas e também brasileiras. Com mais de 30 anos de carreira, a artista fez do trompete seu instrumento aos oito anos de idade. Ao completar 18 anos, após sair da faculdade de matemática, em Amsterdã, Saskia tocou em diversos grupos. Desde 1982, quando liderou sua primeira banda, a Salsa Caliente Band, a estrangeira vem tocando em diversos concertos e festivais pelo mundo.

Com seu grupo Saskia Laroo Band, formado em 1993, a trompetista lançou seu primeiro CD It´s Like Jazz, inspirado no ultimo trabalho de Miles Davis Doo-Bop. Em 1995, mostrou Body Music. Com o recém-formado grupo "Jazzkia", a holandesa apresentou seu terceiro disco, e em 1998, ao lado do lendário saxofonista americano Teddy Edwards, criou seu quarto trabalho, Sunset Eyes, 2000. Em 2005, foi a vez de J-5, gravado com o grupo Funk de Nite, da Polônia.
Saskia é considerada uma das melhores trompetistas de jazz da atualidade e seu nome já foi comparado a Miles Davis, um dos grandes músicos do estilo no mundo. Universo de poucas mulheres instrumentistas, o jazz contagiou Saskia quando ela tinha apenas oito anos de idade. Sua música é efervescente, com influências de hip-hop, salsa, funk e reggae, produzindo o denominado nu jazz ou swingin’ body music.
Na turnê brasileira, a artista apresentou músicas do disco J-5 (2005), lançado pelo seu próprio selo fonográfico.
A trompetista já se apresentou em países como EUA, Turquia, Itália, Colômbia e Coréia do Sul e participou de grandes festivais de jazz, como Atlanta Jazz Festival e Autumn Jazz Festival Prague.
Fotos: Gerson Pantaleão

Tomas Janzon abre a temporada 2007

No palco do Municipal, o guitarrista Tomas Janzon apresentou o CD "Coast to Coast to Coast" em primeira-mão no Brasil
O Projeto Conexão Jazz, com o apoio do programa "Caminhos do Jazz" da Rádio Universidade 106,7 FM e em parceria com o Sport Club Rio Grande, abriu a temporada 2007 com sua 11ª edição (a 7ª internacional), na noite do dia 14 abril de 2007, no Teatro Municipal, trazendo o guitarrista sueco radicado nos Estados Unidos Tomas Janzon.


Para um bom público e contando com os músicos rio-grandinos Gilberto Oliveira (baixo) e Eduardo Escalier (bateria), ele apresentou, em primeira-mão no Brasil, o seu recente CD "Coast to Coast to Coast" que foi gravado em Nova York, Estocolmo e Los Angeles, com formações de músicos diferentes em cada cidade.
Natural de Estocolmo (SUE) ele começou sua vida musical com o violoncelo aos 8 anos e aos 12 se apresentava com a orquestra de câmara do Collegium Musicum. Mais tarde, mudou o foco para a guitarra. Depois de estudar na Musikhögskolan (Royal School of Music) em Estocolmo partiu para a carreira profissional fazendo turnês pela Suécia e norte da Europa. Na mesma época, compôs e gravou trilhas para a televisão e cinema.
Foi para os Estados Unidos em 1991 estudar com Joe Diorio no Guitar Institute de Los Angeles e graduou-se em 1994, recebendo o título de Músico Destaque do Ano. Desde então é professor no mesmo instituto.


O estilo de Tomas Janzon se mostra através de uma guitarra com som limpo, sem distorções, e harmonias de grande complexidade. Nos Estados Unidos, tocou com gente como Billy Higgins, Alphonso Johnson, Sherman Ferguson, Dave Carpenter, Bob Sheppard, Ricky Woodard, Brandon Fields, Melvin Davis, Jimmy Earl, David Goldblatt, Joel Taylor, Billy Mintz, Jose Brancato, Frank Wilson, Ken Filiano, 5th Dimension, Ben Vereen, Charo e outros em clubes e em sessões de gravação.
O segundo CD, "Coast to Coast to Coast" revela que é resultado das viagens que tem feito pelos Estados Unidos e pela Suécia, seja pela experimentação de antigas e novas idéias nas composições, seja pelo relacionamento com os excelentes músicos de cada localidade. Ele espera que a musicalidade, a criatividade e a imaginação dessas constelações registradas no disco sensibilizem os ouvintes.







Gilberto Oliveira (baixo)















Eduardo Escalier (bateria)


Argentina/Brasil Tour
A turnê sul-americanade Tomas Janzon começou em 6 de abril e passou por cinco cidades da Argentina. Apresentou-se em duo com o guitarrista Daniel Corzo nas cidades de Los Hornillos, Mina Clavero e Córdoba, e em trio com Oscar Giunta (bateria) e Jerônimo Carmona (baixo) em Buenos Aires (Club Thelonius) e La Plata, além de ministrar oficinas de música.
No Brasil, no dia 16 de abril, Janzon promoveu uma oficina de músíca no Centro Musical Antonio Adolfo, no Rio de Janeiro. No dia seguinte, também no Rio, apresentou-se no Mistura Fina com Pascoal Meirelles (bateria) e Sérgio Barroso (baixo).



Fotos: Gerson Pantaleão

Saiba mais sobre o Tomaz Janzon


Sunday, May 27, 2007

Roseanna Vitro / Allen Farnham Quartet

Será inesquecível a apresentação que essa dupla norte-americana de jazz, acompanhada pela seção rítmica local, fez no Teatro Municipal no dia 18 último. Já era de se esperar, pois o Conexão Jazz, que produziu o show, e a Rádio Universidade 106,7 FM, através de seu programa "Caminhos do Jazz", desde outubro vinham alertando sobre a excelência da atração que viria até Rio Grande.


Foi a primeira incursão de Roseanna e Allen pelo território brasileiro, e nós tivemos a primazia de assistir a esse debut, o privilégio de estar lá, naquela noite memorável.Roseanna Vitro, no auge de sua forma musical aos 55 anos de idade, e Allen Farnham, aos 45 anos, esbanjando talento e criatividade, apresentaram um repertório bem escolhido variando entre temas rápidos e médios, algumas musicas brasileiras e novos standards instrumentais traduzidos para o vocal.O entusiasmo dos músicos e do público foi sempre crescente, culminando com cinco minutos de aplausos tanto na penúltima música como no já tradicional encore, ou o nosso "mais um..." Roseanna tem presença de palco e atividade incríveis, além de uma voz espetacular.


A tensão inicial de tocar com músicos novos e desconhecidos para ela sumiu totalmente a partir da segunda música quando sentiu a qualidade excepcional do baixista Gilberto e do baterista Eduardo e começou um diálogo musical constante, principalmente com o Eduardo, incentivando-o e dando dicas quanto à quebras de compasso e cadências. Com o Gilberto foi a mesma coisa, e daí então os dois músicos locais foram um show à parte.Allen Farnham formado pela escola Oberlin, do estado de Ohio, em 1983, data em que fez sua primeira gravação em um vinil independente como integrante do quinteto de Kenny Davis & Ernie Krivda, grava e também já produziu mais de 40 discos pelo selo Concord, que nos últimos anos, englobou conglomerados como a Fantasy e agora a Telarc, como o próprio Allen nos comunicou após o show. Quando o informei que o vinil da North Coast Records seria tocado no domingo no "Caminhos do Jazz" ele ficou impressionado e disse que só havia 2 cópias desse disco no mundo todo, a dele próprio e uma outra. Resultado: colocou em suas anotações que no Rio Grande, no Brasil, havia uma outra. Pequenas coisas que estão colocando a nossa terra no mapa do circuito musical mundial. Quanto ao talento desse músico, a prova maior no sábado foi quando ele tocou, liderando o trio, o tema "Manhã de Carnaval" num tempo absolutamente lento e usando muito o silêncio como complemento musical, bem ao estilo Bill Evans. Ao final da música, o silêncio e atenção da platéia, que quase lotou o teatro, era total, irrompendo num longo e frenético aplauso após a última nota.


Como se não bastasse a visita desses dois grandes talentos, veio junto com eles o grande e famoso produtor musical e engenheiro de som Paul Wickliffe, nome constante nas contra-capas de CDs, e que é marido de Roseanna Vitro, que proporcionou o desenho sônico perfeito da apresentação.Para mostrar que a performance de Roseanna Vitro em Rio Grande deve ter sido uma das melhores em sua longa e exitosa carreira musical conto o que ouvi após todos os cumprimentos, venda de discos, e autógrafos; Paul Wickliffe chamou Roseanna em um canto do saguão, casualmente onde eu estava, e disse reservada e intimamente uma verdade que era para ser um segredo do casal de artistas, mas que meu ouvido espichado e indiscreto captou: "YOU KILLED". Matou a pau.

Colaboração de Roberto Przbylski, expert in jazz, músico e apresentador do Programa "Caminhos do Jazz, da Rádio Universidade, 106,7 FM
fotos: JC CELMER

Alma de Gato


Em seu 9º concerto, o Projeto Conexão Jazz, com a parceria da Rádio Universidade, 106,7 FM, apresentou o quarteto instrumental Alma de Gato. Formado pelos músicos rio-grandinos Edinho Galhardi (bateria), Maurício Cunha (guitarra), Carlos Garcia (guitarra e composições) Gilnei Oliveira (baixo) , o quarteto mostrou sua qualidade através de repertório próprio.

A banda já havia participado do Conexão Jazz em julho do ano passado quando fez o show de abertura para o concerto dos ingleses Trevor Watts e Jamie Harris, e surpreendeu o público pelo alto nível musical. Foi no dia 9 de setembro de 2006, no Teatro Municipal.

Friday, May 25, 2007

Boca de Siri

O trio instrumental Boca de Siri foi a atração do Conexão Jazz no dia 12 de agosto de 2006, no Teatro Municipal. O projeto criado para trazer músicos internacionais a Rio Grande privilegiou mais uma vez a produção jazzística local. A banda reúne três feras - o guitarrista Fernando Amaral (hoje radicado em Porto Alegre), o baterista Eduardo Escalier e o baixista Gilberto Oliveira, que faz sua estréia no grupo. O Boca de Siri existe há cerca de três anos. Para a apresentação, contou com um convidado especial, o trompetista Roberto Przybylski. O grupo interpretou standards do jazz - como Stella by Starlight e All the Thigs You Are -, temas de Miles Davis, Pat Metheny e Herbie Hancock, além de compositores nacionais e composições próprias no estilo jazz-fusion.
Por Hamilton Freitas
foto: JCelmer

Conexão Jazz abre 2006 com Cliff Korman


O pianista mostrou que absorveu os segredos da MPB e afirmou ter o dom da linguagem brasileira e habilidade improvisional No primeiro evento de 2006, o projeto Conexão Jazz apresentou o pianista norte-americano Cliff Korman. Foi no dia 25 de março, no Teatro Municipal. A dedicação de Korman para a música brasileira continua com firmeza incansável. No ano 2000, ele foi destaque em um projeto com Andreas Vollenweider no dueto com Wagner Tiso e acompanhando Mílton Nascimento com um quinteto de cordas e percussão. No princípio de 2001, ele arranjou, produziu e tocou piano em Blue Bossa da cantora brasileira Ana Caram, além de produzir o retorno de Chuck Mangione. Também excursionou em Portugal e Itália com o projeto Gafieira Dance Brasil - que acabou virando CD - e recebeu grandes elogios da imprensa.
No palco do Municipal, acompanhado por Gilberto Oliveira (baixo, guitarra e violão) e Eduadro Escalier (bateria), o pianista mostrou que absorveu os segredos da MPB e afirmou mais uma vez ter o dom da linguagem brasileira e habilidade improvisional. A carreira de Korman teve início nos primeiros anos da década de 80, quando começou a pesquisar e estudar técnicas de improviso e diferentes linguagens musicais. Foi então que descobriu sua paixão pela música brasileira e decidiu se estabelecer no País, dando início a uma série de projetos em parceria com o clarinetista Paulo Moura, como o disco Mood Ingênuo - Pixinguinha Meets Duke Ellington (gravadora Jazzheads), de 1996.


A melodia brotou do trio, cresceu e com ela veio um mundo de emoções evocadas por arranjos bem elaborados. Luíza, de Tom Jobim, foi o prelúdio certo para a faixa central de Mood Ingênuo: o potpourri de Pixinguinha e Duke Ellington. Aí a plateia pode ouvir e viver a idéia principal do álbum. Os músicos desfilaram clássicos como Satin Doll, Lamentos, Ingênuo, In a Mellow Tone, Sophisticated Lady, Rosa, e emocionaram ao encerrar com As Rosas Não Falam, de Cartola. O público, bastante heterogêneo, também foi destaque da noite e mostrou que o projeto Conexão Jazz, que chega ao seu terceiro, ano foi bem aceito.



Cliff Korman, que também é compositor e arranjador, está há mais de vinte anos ligado ao Brasil, espiritual e fisicamente. Desenvolveu projetos bilaterais relacionando, além de Pixinguinha e Duke Ellington, Gershwim e Jobim, Radamés Gnatalli e Telonius Monk. Tem vários discos gravados com músicos brasileiros e editou o livro Inside the Brazilian Rhythm Section (editora Sher Music) com o guitarrista Nelson Faria, também lançado no Japão pela editora Arikita Music. O pianista ministra cursos na City University of New York, The New School University, Manhattan School of Music, Universidades Federais do Rio de Janeiro e Minas Gerais e na Escola de Música de Brasília.





Inside the brazilian rhythm section - O livro traz oito estilos brasileiros (samba, bossa nova, partido alto, choro, baião, frevo, marcha-rancho e afoxé) detalhados e explicados, mostrando os padrões de acompanhamento e a interação entre violão, piano, baixo e bateria. Vem ainda com dois CDs, gravados em Nova Iorque, com faixas especiais, com as quais é possível "tocar junto", como se fosse um dos componentes da banda. Os CDs têm a participação dos músicos: Nelson Faria, violão; Cliff Korman, piano; Paulo Braga, bateria; David Fink, baixo acústico; Itaiguiara Brandão, baixo elétrico e Café, percussão.
Por Hamilton Freitas

Letícia e Piassarollo dão o toque nacional


Oportunamente, o projeto Conexão Jazz também voltou-se a música nacional por duas ocasiões. A primeira foi com a promoção do concerto da talentosa cantora rio-grandina Letícia Torança. Um projeto que conquistou credibilidade pelo alto nível dos artistas apresentados - tanto os estrangeiros quanto os locais - não correria o risco de perdê-la com um evento menor. Daniel Duarte (violão), Gilnei Oliveira (contrabaixo), Alessandro Volcan (violoncelo), Edinho Galhardi (bateria) e Plínio Santos (acordeon) formaram a banda que acompanhou Letícia, uma agradável revelação no cenário musical local.

No palco, a cantora mostrou com desenvoltura alguns clássicos da MPB e músicas inéditas e fez jus ao espaço que lhe foi concedido. O show aconteceu em setembro e antecedeu à apresentação do último Conexão Jazz de 2005, que presenteou o público com o guitarrista Ary Piassarollo na antevéspera do Natal.

O quinteto liderado por Piassarollo executou composições do guitarrsita, clássicos da MPB e standards do jazz, mostrados com o refinamento e a excelência dos músicas. E que não se confunda excelência com elitização, o que afastaria o Conexão Jazz da sua proposta de popularizar o gênero jazz. Entenda-se excelência como o resultado da mistura de talento, técnica e bom-gosto, requisitos que estão ao alcance de todos. O guitarrista, hoje radicado em São Paulo, morou por quase duas décadas nos EUA, mas antes gravou e acompanhou nomes como Elis Regina, Djavan e Ivan Lins, entre outros.

Acompanhado por Eduardo Escalier na bateria, Alexandre Chagas no contrabaixo, Daniel Zanotelli no sax alto e Eduardo Varela no teclado, o guitarrista rio-grandino apresentou arranjos pessoais de temas clássicos como Na Baixa do Sapateiro, de Ary Barroso, e Georgia, canção imortalizada por Ray Charles. O concerto, por si, de nível internacional, foi enriquecido com dois momentos mágicos: a presença da cantora Letícia Torança e do guitarrista Gilberto Oliveira. Ela hipnotizou a platéia, interpretando Fascinação. Gilberto Oliveira - em duo com Ary - inspirado por Paco de Lucia e Al Di Meola, arrebatou os presentes, ao executar uma peça do repertório flamenco.

Piassarollo foi mais um músico de jazz, essencialmente instrumentista, e rio-grandino, com caráter internacional que o Projeto Conexão Jazz ofereceu ao público, alcançando o seu objetivo de tornar esse gênero musical acessível a um grande número de pessoas, seja pelo valor do ingresso, seja pelo conforto de tê-lo em sua própria comunidade, sem a atribulação de deslocar-se para outras cidades.

por Hamilton Freitas
foto Letícia e Ary - JCelmer

Sandy Sasso: Jazz com atitude


Em 12 de novembro de 2005, foi a vez da cantora norte-americana Sandy Sasso marcar presença no projeto Conexão Jazz. Vivendo em Nova Jérsei, mas com presença freqüente no cenário jazzístico de Nova Iorque, a cantora é portadora de expressiva bagagem musical. As big bands de Tommy Dorsey, Benny Goodman e Nelson Riddle são exemplos da boa companhia de que ela se faz cercar.
Dona de voz marcante, profunda, Miss Sasso começou estudando canto e piano clássicos, porém quando enveredou pelos caminhos do jazz foi definitivo. Em 2003, gravou Mixed Grill (North Country Records) com a big band de Nelson Riddle (a mesma que acompanhava Frank Sinatra) e, em setembro de 2005, lançou All My Men (North Country Records), seu segundo disco, com um sexteto que reúne o pianista Onaje Allan Gumbs (que tocava com o trompetista Woody Shaw) e o contrabaixista Marcus McLaurine.

O palco do Municipal foi o cenário para o lançamento internacional do segundo trabalho de Sandy Sasso. A cantora se apresentou com o seu pianista e teve o trio completado com os rio-grandinos Gilberto Oliveira (baixo) e Eduardo Escalier (bateria).
por Hamilton Freitas


Ouça as faixas de Mixed Grill


Ouça as faixas de All My Men


Visite o site da cantora

A vez dos ingleses



Depois dos norte-americanos, Jane Blackstone e Werner "Vana" Gierig, o Conexão Jazz chegou a sua terceira edição com trazendo o som instrumental do duo britânico formado pelo saxofonista Trevor Watts e pelo percussionista Jamie Harris. O show confirmou a avaliação de uma recente apresentação no Hothouse Club, de Chicago, traz o seguinte comentário na coluna Jazz Review, do jornal Chicago Tribune: "O diálogo de Trevor Watts e Jamie Harris transmite uma tremenda energia, levando a platéia a um cativante mas nada familiar terreno musical".

E foi isso mesmo. O som nervoso da dupla teve o tempero da world music impregnado com uma boa dose de exotismo. É o reflexo da condição de Watts, natural da cidade inglesa de York, que se tornou um cidadão do mundo graças às suas viagens constantes. Exemplo disso foram as apresentações que antecederam a presença do músico no Brasil - nos Estados Unidos, República Dominicana e Mongólia.
No palco, os quatro cantos do mundo parecem muito pouco para este cigano cultural, e Rio Grande (RS) foi mais um canto a experimentar a sua versatilidade e espontaneidade musical. Foram musicas tingidas de todas as cores, oriundas de várias nacionalidades. Experimentais muitas vezes, sem fronteiras sempre.

Jamie Harris explorou as sonoridades dos instrumentos de percussão de forma impressionante. Exibiu as poliritmias em congas, nos bongôs latinos e nos djembês africanos. Demonstrou sutileza em pratos, triângulos, cimbales e curiosos instrumentos orientais. Enfim, a world music para todos os cantos do mundo, inclusive para o extremo sul do Brasil. O espetáculo faz parte das festividades de comemoração do 105º aniversário do Sport Club Rio Grande e aconteceu no Teatro
Municipal, no dia 25 de julho de 2005. A abertura do show ficou por conta do trio instrumental do guitarrista, violonista e baixista Gilberto Oliveira.

por Hamilton Freitas


Saiba mais sobre Trevor Watts

Werner "Vana" Gierig plus Brazilian Percussion



O jazz-fusion em evidência no palco do Teatro Municipal

O anúncio da segunda edição do projeto Conexão Jazz mostrou que os produtores do evento J. C. Celmer e João Reguffe tinham firmes propósitos com a sua intenção de oferecer ao público rio-grandino e da região música de qualidade e de alto nível a preços populares. O público retribuiu o chamado e vibrou com o espetáculo dos instrumentistas norte-americanos Werner "Vana" Gierig (piano) e Gregory Jones (contrabaixo), que vieram acompanhados pelos excelentes músicos paulistas Rogério Boccato (bateria) e Vinícius Barros (percussão). O show aconteceu no dia 26 de maio de 2005 no Teatro Municipal do Rio Grande, que acabaria se tornando a casa do Conexão Jazz nas edições seguintes.


No palco, Gierig e Jones provaram porque se apresentam com sucesso em salas do mundo inteiro. Mostraram o melhor do jazz contemporâneo aliado ao estilo clássico nova-iorquino. Nos EUA, o pianista e compositor tem integrado algumas turnês e participado de gravações de artistas como Regina Carter, Rachelle Ferrell, Lena Horne, George Howard, Special EFX, Najee, Warren Hill, Will Downing, Angela Bofill e muitos outros. Gierig se mostrou dono de muita criatividade e força nas interpretações, apresentando musicas dos seus dois álbuns: Small Regrets e A New Day (Twinz Records)


De quebra, quem foi ao teatro viu e ouviu a competência do instrumentista brasileiro, através de Rogério Bocatto e Vinicius Barros, músicos da Jazz Sinfônica, de São Paulo, que acompanharam Werner Gierig e Gregory Jones durante o lançamento do recente A Ney Day no Brasil.

O público se manteve ligado na performance do quarteto, que esbanjou sensibilidade musical e transitou com desenvoltura nos temas apresentados. Souberam ser mais suaves para mostrar a harmonia de composições de Small Regrets e precisos e ritmados para mostrar as influências do jazz-fusion e dos ritmos latinos e brasileiros presentes em no CD A New Day. Um grande espetáculo para uma platéia que ficou, ao final, com cara de "quero mais".

Por Hamilton Freitas
Escute as musicas dos CDs Small Regrets e A New Day
Visite o site do artista
Veja os vídeos
New Yorkin'
3:29 min/2.0MB

Healing in Foreign Lands
4:29 min/2.6MB

Everything I Love
2:51 min/1.6 MB

Wednesday, May 10, 2006

Sonoridades internacionais longe das capitais


A primeira apresentação do Conexão Jazz aconteceu no último fim-de-semana de dezembro de 2004, nos dias 28 e 29, no Chico's Bar, na praia do Cassino, na cidade do Rio Grande (RS-Brasil). A atração, a cantora de jazz nova-iorquina Jane Blackstone, teve a sua arte aprecidada pelo público rio-grandino e veranistas, além de abrir um canal para músicos de jazz norte-americanos e europeus.


O público lotou a casa para ouvir e ver as interpretações das músicas do CD Natural Habitat/NYC (FlaotingCastle Music), no qual a cantora apresenta alguns standards de jazz, duas composições próprias e uma versão de um tema de Ivan Lins.

Miss Blackstone já foi indicada para o Grammy quando participava do grupo New York Vocal Jazz Ensemble. Apesar de ter apenas um disco solo, a cantora atuou por muito tempo como coadjuvante de personalidades como Carla Bley, Sheila Jordan, Esther Phillips, o maestro brasileiro Eumir Deodato e Gato Barbieri.

Ela falou sobre o CD lançado em 2002 e destacou a participação de músicos de primeira linha da cena do jazz em Nova Iorque, como o pianista Roland Hanna (já falecido), o saxofonista/compositor Bob Mover, os bateristas Jamey Haddad e Steve Johns, o baixista Ratzo Harris e o trombonista Sam Burtis. Em suas apresentações a cantora foi acompanhada pelos músicos rio-grandinos Gilberto Oliveira (contrabaixo), Edinho Galhardi (bateria) e pela pianista porto-alegrense Dionara Schneider. A partir de então, uma série de eventos internacionais consolidou o projeto que chega ao seu terceiro ano.
A busca de novidades para o programa Caminhos do Jazz, apresentado aos domingos pela Rádio Universidade FM - 106,7mHz, emissora da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg), foi o ponto de partida para a criação do projeto Conexão Jazz no final do ano de 2004. A partir de contatos com gravadoras e produtoras, o apresentador do programa, J. C. Celmer, descobriu a viabilidade de trazer até Rio Grande (RS) experiências musicais de alto nível, a preços populares e com a participação de músicos que se apresentam com grande sucesso em salas do mundo inteiro.
Segundo os promotores do projeto, J. C. Celmer e João Reguffe, o objetivo do Conexão Jazz é mais amplo do que simplesmente promover um gênero musical. "Para os músicos locais, é a oportunidade de conhecer de perto novas sonoridades e estabelecer contatos promissores, pois o objetivo é incluir, como vem acontecendo, gente daqui em todas as apresentações que realizarmos. Isso é bom até para o conceito da cidade, pois a divulgação estende-se às cidades vizinhas e aos poucos trará a imagem de pólo cultural para Rio Grande. Isso é bom até para o conceito da cidade, pois a divulgação estende-se às cidades vizinhas e aos poucos nos trará a imagem de pólo cultural, tal como aconteceu em Gramado (RS), Búzios (RJ), Campos do Jordão (SP), Parati (RJ), Passo Fundo (RS) e Ouro Preto (MG), cidades afastadas das capitais e consideradas referências em vida cultural a partir de iniciativas deste tipo", garantem.
Ainda de acordo com Celmer e Reguffe, o Conexão Jazz tem contribuído para o contato com artistas que não costumam aparecer na grande mídia e tem levado à descoberta de gratificantes surpresas.
por Hamilton Freitas.